O Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) emitiu uma nota de repúdio aos comentários feitos pelo Procurador de Justiça do MPPA, Ricardo Albuquerque da Silva. O procurador afirmou durante apresentação a alunos de uma universidade que visitavam a sede do órgão, na última terça-feira (26), que a escravidão de negros no Brasil só aconteceu porque “o índio não gosta de trabalhar”.
“O índio preferia morrer do que cavar mina, do que plantar para os portugueses. E por causa disso que eles (colonizadores) foram buscar pessoas nas tribos lá na África para vir substituir a mão de obra do índio aqui no Brasil”, disse Albuquerque. Ainda de acordo com o procurador, o Brasil não tem “dívida nenhuma” com quilombolas. “Nenhum de nós aqui tem navio negreiro. Nenhum de nós trouxe um navio cheio de pessoas da África para serem escravizados no Brasil”.
O Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) repudia o teor do áudio que circula nas redes sociais onde constam manifestações do Procurador de Justiça Ricardo Albuquerque da Silva referentes à questão racial de negros e índios, cujo teor reflete tão somente a opinião pessoal do referido membro da instituição.
Em relação a questão racial, o MPPA tem trabalhado para assegurar a implementação de políticas públicas para garantir às populações negras e indígenas a efetivação da igualdade de oportunidades.
No último dia 20 a instituição promoveu evento em alusão ao Dia da Consciência Negra, que reuniu ONGs e a sociedade civil num debate sobre discriminação racial e religiosa no Brasil. O órgão também vem implementado políticas afirmativas no âmbito da própria instituição como, por exemplo, a decisão do Colégio de Procuradores de Justiça (CPJ), em abril deste ano, de incluir cotas para estudantes quilombolas e indígenas nas seleções de estagiários de nível superior realizadas pela instituição.
Nesse sentido a instituição também tem fiscalizado e cobrado ações afirmativas, fiscalizando os programas e medidas especiais adotados pelo Estado e pela iniciativa privada para a correção das desigualdades raciais e para a promoção da igualdade de oportunidades.
Finalmente, este órgão reafirma não compactuar com qualquer ato de preconceito ou discriminação a grupos vulneráveis da sociedade.
(Bocão News)