Uma das maiores mudanças no futebol neste retorno da atividade esportiva durante a pandemia do coronavírus é a ausência das torcidas nos estádios de todo o mundo. É consenso que a presença de pessoas apoiando seus times ou tentando atrapalhar a vida dos adversários acaba fazendo a diferença nas disputas, inclusive sobre a arbitragem dos jogos.
A revista britânica The Economist publicou um estudo neste sábado (25) sobre a influência dos estádios vazios nos times mandantes dos jogos e sobre a arbitragem. De acordo com o artigo, os times donos da casa perdem a vantagem — embasada através de um estudo publicado em maio deste ano — de ter a torcida a seu favor para pressionar e influenciar os juízes.
Segundo a consultoria 21st Club, que analisou 1.534 partidas realizadas sem público em diversas ligas ao redor do mundo, o número de cartões recebidos por times mandantes cresceu de 46% para 50% após a crise do coronavírus. O artigo também observou que, com torcida, times jogando em casa conseguem 58% dos pontos disputados, contra 56% jogando sem seus apoiadores.
O BNews conversou com a Jailson Macêdo de Freitas, ex-árbitro aspirante à FIFA e atual presidente da Comissão Estadual de Árbitros de Futebol da Bahia (CEAF-BA), que fez comentários sobre o resultado do estudo europeu em relação à arbitragem.
“Quanto mais maturação e rodagem um árbitro tem, menos suscetível a pressões externas ele fica. As tomadas de decisão são processos que são desenvolvidos ao longo do tempo, então a medida que o árbitro vai avançando etapas em sua carreira, menos essas variáveis atuam. Mas sim, é claro que esses fatores pesam, no entanto, mais em árbitro com menos experiência. Logo, sem torcida, para estes, a pressão externa pode acabar diminuindo”, disse o ex-árbitro baiano.
O estudo também cobriu questões da efetividade em partidas com e sem torcida. Jogando com o estádio cheio, times mandantes acertam o gol em cerca de 55% dos chutes tentado. Já nos jogos durante a pandemia, ocorridos desde maio, a média de acerto foi de 53% das tentativas.
Apesar das causas desse fenômeno ainda não serem confirmadas de forma satisfatória, os indicativos são evidentes. Fatores como longas viagens para fora de sua localidade e técnicos utilizando formações e estratégias mais conservadores são os pontos mais plausíveis, junto com a pressão exercida pelo time local sobre o conjunto de arbitragem dos jogos em questão. (BNews)